Comecei a ler "Seis Passeios Pelos Bosques da Ficção", seis conferências que Umberto Eco fez em Harvard em 1993. Nas palestras, Eco trata de aspectos dos textos ficcionais e como os leitores se relacionam com eles.
O primeiro capítulo - que ainda não terminei - trata do que é um "leitor-modelo", um "autor-modelo", um "autor empírico" e como essas peças se relacionam.
- O autor empírico é aquele que escreveu o texto, o que tem a assinatura na capa.
- O leitor-modelo é aquele que as instruções (indicadores do gênero como o "era uma vez dos contos de fada", os tipos, clichês) no texto procuram criar. É o leitor que identifica quais disposições o texto pede e se alinha com elas.
- A autor-modelo é a "voz" do texto. É o conjunto de estratégias narrativas e instruções que o leitor modelo deve seguir.
As palestras foram dadas como as Norton Lectures de 1993. As Norton Lectures são ciclos anuais de seis conferências sobre o fazer poético (poesia, literatura, música). Gente como Borges, e. e. cummings, T. S. Eliot, Leonard Bernstein, Octavio Paz e Italo Calvino já foram convidados a apresentar suas visões sobre seu campo de atuação.
Que eu saiba, só três desses conjuntos de conferências foram publicados em português: "Esse Ofício do Verso", de Borges, "Seis Passeios pelos Bosques da Ficção", de Eco e "Seis Propostas para o Próximo Milênio", de Italo Calvino (que morreu antes mesmo de terminar de escrever a sexta conferência). Todos os três saíram pela Companhia das Letras. (RSF)